Na Rua Só Até Às 10

A Familia

Se liga na ideia que eu agora eu vou dizer
A história de um moleque que precisava vencer
A fome e a morte e a desnutrição
Ele não tinha muitas opções

Moleque já cheirava muito antes dos 16
Andava muito doido, curtia muito bem
Na malandragem ele era o melhor
Sempre linha de frente segurava os BO

Mas acontece que um dia a casa caiu
Desilusão e nem ganharam e o Sol quadrado viu
Era a primeira de muitas que viria a acontecer
Cotidiano urbano

Pode crer, com Jesus Cristo na cabeça você tudo pode vencer
Então pode crer, com Jesus Cristo na cabeça você tudo pode vencer
Então pode crer, com Jesus Cristo na cabeça você tudo pode vencer
Então pode crer, com Jesus Cristo na cabeça você tudo

E aí pai, lembra de mim? Recorda meu rosto?
Sou aquele bebê mal criado que por você era aborto
Cresci, consegui sobreviver, mas tô aqui
Vivendo a lei da rua sem ver minha mãe sorrir

Sorrir pra que né, pai? O mundo é tão cruel
Papai Noel trouxe foi droga, eu comecei cheirar uns papel
Na rua deu pra garantir um cobertor no frio
Um agasalho do Corinthians, pago pau quem viu

Ele já não conseguiria mais parar de usar
Um viciado independente fazendo a mãe chorar
Chego a roubar em casa, tudo virou fumaça
Parecia não existir mais solução

Um dia muito doido já chegou o fim da linha
Caiu de overdose, a morte lhe queria
Ali lembrou de tudo que sua mãe dizia
Meu filho, só Jesus é a solução de sua vida

Então parou pra pensar agora pode entender
O outro lado da vida estava a conhecer
Lembrou da sua infância, escola dominical
Agora é tarde demais, eu vejo o seu final

Agora ele só pode ver a escuridão
Salário do pecado é a morte, escuta aí ladrão
Ele vive o filme de terror e ele quem foi o autor
Sem chegado, sem mano, sente o devorador
Ceifar sua vida, com dor e muito pranto
Nunca achou que era a sua vez e sim a do fulano
Uma pobre alma muito longe do céu
No julgamento ele foi o réu

Ele conta ele mesmo desafio estava feito
Com o pensamento só partiu seu inimigo ao meio
Mesmo que é poderoso para livrá-lo da morte o mesmo
Mesmo é poderoso pra tirar do cativeiro
Não sobrou nem sequelas do vício mortal
Da maldita escravidão não sobrou nem sinal
Era um milagre vivo ele não ter morrido
Só de estar vivo, só de ainda estar vivo

Eu quero entender, pai, qual foi o que, que eu fiz
Pra você me abandonar dessa forma e me fazer tão infeliz
Por que me deixou sozinho na margem do esgoto
Dentro de um barraco, sem rango, bem louco

Por isso gosto de saber, pergunto pra minha mãe quem é você
Gosto de saber pergunto, qual seu proceder
Gosto de saber porque tentou me abortar
Só queria que meu coração perdoasse pra poder te perdoar

A fome foi lazer pai, no último Natal passei mal
Chapei fui parar no hospital
Deitado na maca esbravejava
O quanto minha mãe sofreu
E repetia com palavras que pra mim você morreu

Depois disso acordei pra vida e Jesus me chamou
Meu filho, siga o caminho da vida com muito amor
Estou com quase 18 agora junto aos fiéis
Tô de LA na rua só até as 10

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