Fado Cravo
Alfredo Marceneiro
Fui de viela em viela
Numa delas, dei com ela
E quedei-me enfeitiçado
Sob a luz dum candeeiro
Estava ali o fado inteiro
Pois toda ela era fado
Arvorei um ar gingão
Um certo ar fadistão
Que qualquer homem assume
Pois confesso que aguardei
Quando por ela passei
O convite do costume
Em vez disso, no entanto
No seu rosto só vi pranto
Só vi desgosto e descrença
Fui-me embora amargurado
Era fado, mas o fado
Não é sempre o que se pensa
Ainda recordo agora
A visão, que ao ir-me embora
Guardei da mulher perdida
A pena que me desgarra
Só me lembra uma guitarra
A chorar penas da vida