Minha Mãe
António Mello Corrêa
Minha mãe, eu canto a noite
Porque o dia me castiga
E é no silêncio das coisas
Que eu encontro a voz amiga
Minha mãe eu grito a noite
Como um barco que te afasta
E se perde no mar alto
Ao pé da onda mais casta
Minha mãe, eu choro a noite
Neste amor em que me afundo
Porque as palavras da vida
Já não têm outro mundo
Minha mãe o que fizeste
O que fez o teu amor
Naquela hora tardia
Em que me ofereceste a dor
Por isso sou este canto
Minha mãe, tão magoado
Que visto a noite em meu
Corpo
Sem destino, mas com fado