A Guerra de Rosas
Camané
Partiste sem dizer adeus nem nada
Fingiste a culpa era toda minha
Disseste que eu tinha a vida estragada
E eu gritei-te da escada que fosses morrer sozinha
Voltaste e nem desculpa pediste
Perguntaste porque é que eu tinha chorado
Não respondi, mas quando vi que sorriste
Eu disse que estava triste porque tu tinhas voltado
Zangada esvaziaste o meu armário
E em nada ficou meu disco preferido
De raiva rasguei o teu diário
Virei teu saco ao contrário
Dei-te cabo do vestido
Queimaste o meu jantar favorito
Deixaste o meu champanhe azedar
E quando cozinhei o piriquito para abafar o teu grito, eu comecei a cantar
Fumavas e eu nem suportava o cheiro
Teimavas em me acender um cigarro
E quando tu me ofereceste um isqueiro
Atirei-te com o cinzeiro
Escondi as chaves do carro
Não queria que visses televisão
Em dia de jogos de Portugal
Torcias contra a nossa seleção, se eu via um filme de ação tu mudavas de canal
Tu querias que eu fosse contigo ao bar
Só ias se eu não entrasse contigo
Saia pra não ter de te aturar
Tu ficavas a dançar com o meu melhor amigo
Gozavas porque eu não queria beber
Ralhavas ao ver-me de grão na asa
Eu ia a festa sem te dizer, nunca cheguei a saber, se tu ficavas em casa
Tu deste ao porteiro roupa minha
Soubeste que lhe dera o teu roupão
Eu dei o teu anel á vizinha pela estima que lhe tinha
Ofereceste-lhe o meu cão
Foste lendo o teu romance de amor
Sabendo que eu não gostava da história
No dia de o mandares para o editor, fui ao teu computador apaguei-o da memória
Se cozinhavas eu jantava sempre fora
Juravas que eu havia de pagá-las
Aqui na rua dizias-me a toda a hora
Que quando eu me fui embora
Tu ficaste-me com as malas
Depois desses anos infernais
Os dois éramos caso arrumado
Achando que também era de mais juramos pra nunca mais, foi cada um pra seu lado
No escuro tu insiste que eu não presto
Eu juro que falta a parte melhor
O beijo acaba com o teu protesto, amanhã conto-te o resto
Boa noite meu amor!