Canção de Amor
Carolina Deslandes
Entrelaça os dedos
Faz casa no meu cabelo
Olha de frente para o medo
Juntos vamos conhecê-lo
Bem que podemos vencê-lo
Juntos como um novelo
Misturados e colados a jurarmos ser eternos
Roda o meu vestido
Ri-te já meio despido
Faz da gargalhada um grito
Do segredo um gemido
Estende o dedo indicador pra tocarmos no infinito
Que nos indica a dor se o futuro for interdito
Juro ficar perto
Certo como a morte
Perto como a sorte
Espero ter-te forte
Rezo por ter em ti norte
E esmero somar números ao zero
Do começo incerto e sério
Avesso do adultério
Ter na solidão mistério
Somos universos
Versos sempre em combustão
Acesos como um vulcão
Num sono de olho entreaberto
Donos de uma só razão
Ser verdade e ser alento
Andar ao sabor do vento
Pra aterrar num só colchão
Vivo a vida dividida
Dá-me a boa vida à vinda
Diz-me vi-te ao vivo linda
Vivo em ti uma obra-prima
Sei do que nos aproxima
Ficamos mais perto ainda
Faço da tristeza finda
Firme até ao fim da rima
Ama-me depois da vida e durante
Uma foto numa estante
Uma mota, eu ao volante
O olhar verde e expectante
Que espera que eu chegue antes
Faz a mala e dá-me tanto
Desenhou-me o fim do pranto
Soprou-me o cabelo enquanto eu canto
Vejo a tua boca
Mexe com uma voz rouca e leve
Leva-me pra casa
E escreve em ata que antes de nós mais ninguém se teve
Cheguei aqui pelo deserto
A morrer de sede
A morrer de sede
A morrer de sede
Cheguei aqui pelo deserto
A morrer de sede
A morrer de sede
A morrer de sede
Cheguei aqui pelo deserto
A morrer de sede