Balada de Um Vagabundo
Cazuza
Eis o Sol, eis o Sol
Apelidado de astro-rei
Eis que achei o grande culpado
Desse meu viver destrambelhado
D'eu perambular pirado
Meu coração lacrado
Maracujá de gaveta dum prédio
Vazio num terreno baldio
Sepultado e logo após abandonado
Repare o crime senhor juiz
Pare senhor juiz
Ignoro a rua, o bairro e a carteira de identidade
Não me pergunte de ser portador
Do número xis do CIC
Me deixa feliz
Serei chegado a um sal
Qual a espada afiada que separa
O bem do mal?
Eis o Sol, eis o Sol
Apelidado de astro-rei
Eis que achei o grande culpado
Do meu viver destrambelhado
Me viro no ce do centro
No porta-malas da estação central
Dançarei pelado na cratera da lua
Mesmo sem saber onde termina
A minha e onde começa a tua
Rebolarei embaixo da marquise
Triste trópico paraíso
Se eu dissesse que eu ia
Você ia e eu não ia
Deixa a tristeza deitar
Rolar na minha cama
Um milhão, trilhão de vezes
Reviro alegria
Salto pro amor
Um vício só pra mim não basta
É uma inflação de amor incontrolável
Tá lotado, tá repleto de virtude
E vício meu céu
Um galo sozinho levanta a crista
E cocorica seu escarcéu
Um vício só pra mim é pura cascata
Eu marco treze pontos
Sou pule premiada no jogo do bicho
Eu sou o beijo da boca do lixo na boca do luxo
Eu sou o beijo da boca do luxo na boca do lixo