Guri
César Passarinho
Das roupas velhas do pai queria que a mãe fizesse
Uma mala de garupa, uma bombacha e me desse
Queria boinas, alpargatas e um cachorro companheiro
Pra me ajudar a botar as vacas no meu petiço sogueiro
Hei de ter uma tabuada e o meu livro queres ler
Vou aprender a fazer contas e um bilhete escrever
Pra que a filha do seu Bento saiba que é meu bem-querer
E se não for por escrito eu não me animo a dizer
Quero gaita de oito baixos pra ver o ronco que sai
Bota feitio do Alegrete e esporas do Ibirocai
Lenço vermelho e guaiaca compradas lá no Uruguai
Pra que digam quando eu passe: Saiu igualzito ao pai!
E se Deus não achar muito tanta coisa que eu pedi
Não deixe que eu me separe deste rancho onde eu nasci
Nem me desperte tão cedo do meu sonho de guri
E de lambuja permita que eu nunca saia daqui
E de lambuja permita que eu nunca saia daqui