Lincharam o viajante espacial
Eduardo Dusek
Saindo de uma festa que era quente
Era quente
Pegaram sua cross e sai da frente
Sai da frente!
Maurinho perguntou se tava a fim
Eu tô sim!!!
Fabinho resmungou: - Tu tem aí?
Sim, sim, sim!
Subiram no telhado de uma igreja
Lendo a Veja
E comentaram: - Esse veneno até troveja!
Aí pintou uma luz
Cruz em credo, Rosa Cruz!
Pintou uma luz no céu
Amarelo posto shell
Disseram:.- É os "homi"!
Come a agenda, bicho come!
A luz cresceu foi de montão
Sai batido, meu irmão...
E era um artefato espacial
Uma estranha criatura
Cabelo agulha de acupuntura...
Era o viajante
De uma estrela tão distante
Um viajante espacial
- Como vai? Tudo legal?
Num lindo disco-voador,
Todo prata e furta-cor
Um visitante espacial...
O olho que mirava era uma luz!!!
Aquela luz foi penetrando na cidade
Mocidade
Iluminando toda animalidade
À vontade
Uma voz gritou que aquilo era um insulto
Sem indulto
Um motoqueiro ainda viu aquele vulto
Já de luto...
Aí apareceu a multidão
Todos gritando:
- Pega! Pega ladrão!!!
Lincharam o viajante
De uma estrela tão distante
O viajante espacial
Achando aquilo natural
Pois não foram com seu jeito
Cintura fina, muito peito
Não agradou a multidão
Que o recebeu de pau na mão
Ele era um boêmio universal
Com seu olhar de marginal
Foi desovado em um matagal
Lincharam o viajante
Da galáxia, um ser errante
Lincharam o ser do bem
Um turista do além...
Foram dormir imunes
Assassinos são impunes!!!
E não notaram um tremor:
Sumiu uma cidade do interior!