Aborto Não
Fernanda Brum
Certo dia uma jovem bem jovem me disse
Fernanda, estou grávida, e agora?
Suas mãos eram negras e frias
Tremiam, suavam, buscavam as minhas mãos
Ela me revelou que chorava e pensava em aborto
Ela me revelou que chorava e pensava em morte
Ela me revelou que chorava e pensava no cara
Sozinha, chorava
Eu sei como difícil pode ser
A dor de quem não fez por merecer
Eu sei o que é querer e não poder
O que é sonhar com uma criança em meu ventre
Falei do sonho que era conceber
Contei quantos perdi sem merecer
Chorei e implorei em oração
Não mate essa criança inocente
Ela foi escolhida dentro do teu ventre
Eu sou a voz que você nunca ouviu
Mamãe, o beijo que nunca te traiu
Eu sou e quero ser como você
Serei seu maior presente, me deixa nascer, oh