Tourada
Fernando Tordo
Não importa Sol ou sombra
Camarotes ou barreiras
Toureamos ombro a ombro
As feras
Ninguém nos leva ao engano
Toureamos mano a mano
Só nos podem causar dano
Espera
Entram guizos chocas e capotes
E mantilhas pretas
Entram espadas chifres e derrotes
E alguns poetas
Entram bravos cravos e dichotes
Porque tudo o mais
São tretas
Entram vacas depois dos forcados
Que não pegam nada
Soam brados e olés dos nabos
Que não pagam nada
E só ficam os peões de brega
Cuja profissão
Não pega
Com bandarilhas de esperança
Afugentamos a fera
Estamos na praça
Da Primavera
Nós vamos pegar o mundo
Pelos cornos da desgraça
E fazermos da tristeza
Graça
Entram velhas doidas e turistas
Entram excursões
Entram benefícios e cronistas
Entram aldrabões
Entram marialvas e coristas
Entram galifões
De crista
Entram cavaleiros à garupa
Do seu heroísmo
Entra aquela música maluca
Do passodoblismo
Entra a aficionada e a caduca
Mais o snobismo
E cismo
Entram empresários moralistas
Entram frustrações
Entram antiquários e fadistas
E contradições
E entra muito dólar muita gente
Que dá lucro aos milhões
E diz o inteligente
Que acabaram as canções