No Cabo do Socador
Gerson Brandolt e Beto Villaverde
Já faz mais de trinta dias que lido só na labanca
Mas na verdade mais franca não sou muito do alambrado
Mas pra quem tava apertado a "lo menos" "tô" lidando
Não "tô" no povo jogando nem no oitão do rancho parado
Contratei com um estancieiro que garantiu por bondade
Que a carne eu tinha a vontade contrariando a minha infância
Mas por Deus bate uma ância quando destampo as "panela"
Só cabeça, bofe e goela é o que vem lá da estância
Mas um dia eu termino e pego os "troco" do patrão
Me mando deste fundão na direção do povoado
Longe de chave e talado bem mais gaúcho eu me sinto
Pra lidar com o vinho tinto e as gurias do sobrado
Na coxilha é pura pedra na várzea banhado brabo
Já ando quase cansado e com os pulsos num inchaço
De "guenta" sol e mormaço meu lombo já descascou
"Inté" uma guia atorou que me mijei dum laçaço
Carrego uma dor no lombo que coisa triste não passa
Só debaixo de cachaça pra suportar este tormento
Muito pior quando tem vento me arde que é um pavor
No "levanta" o socador dou três "golpeada" e me sento
Mas um dia eu termino e pego os "troco" do patrão
Me mando deste fundão na direção do povoado
Longe de chave e talado bem mais gaúcho eu me sinto
Pra lidar com o vinho tinto e as gurias do sobrado
O Sol tremendo no chão de "faze" um cristão "geme"
Um dente querendo "doe" atraco do mesmo jeito
Estufo bem o meu peito vendo o patrão chegando
De longe já vem mirando e "loco" pra "bota" defeito
Coisa bruta a tal de cerca pra um pobre cristão poveiro
Em pleno mês de janeiro namorando uma labanca
Já fiz porteira e retranca resta umas tramas pra atilhar
Virou pro lado dos trocos agora não posso aflouxar
Ainda hoje eu termino e pego os "troco" do patrão
Me mando deste fundão na direção do povoado
Longe de chave e talado bem mais gaúcho eu me sinto
Pra lidar com o vinho tinto e as gurias do sobrado