A Mula do Falecido Palmeira
Gildo de Freitas
Pra mulão de qualidade, só sendo a minha Tostada
A mula me conhecia eu até pela pisada
Tinha uma franja bem grande, de cola e crina aparada
Ganhou, uma vez, numa festa, uma figa pra cabeçada
Eu cheguei a enjeitar três mula pela Tostada
Tinha uma mula Picaça das quatro pata calçada
Tinha uma mula Rosilha e outra Vermelha Dourada
E eu arrespondi pra o dono: Não me agradei da mulada!
Quem vê eu contar a história pouco crê e dá risada
Mas a mula merecia por ser bem assinalada
Tinha uma estrela na testa, pela natureza dada
Parecia a estrela d'alva sinalando a madrugada
Hoje, se eu deito, eu não durmo, é me lembrando da coitada
Vou contar pelo que foi, minha mula foi roubada
Agarrei minha pistola com bala bem azeitada
Abandonei o meu rancho e saí campeando a Tostada
Eu me encontrei com o ladrão acaba de tempo na estrada
Vinha vindo numa mula magrinha e mal encilhada
A mula me conheceu, ali, ficou empacada
Pela estrela eu conheci que era a minha Tostada
O ladrão, de prevenido, fez a primeira pegada
Puchemo as pistola junto e as bala foram trocada
Uma bala eu peguei nele e, outra, eu peguei na Tostada
E a pobre da minha mula teve um fim triste na estrada