Antiquário
Guilherme de Sá
Nós somos instantes
E num instante
Não somos mais
Nós somos instantes
E num instante tudo fica para trás
Tudo é uma questão de escolher
Entre o ter e o ser
Quem não cuidar do amanhã
Logo fará sua manhã
Que amanhã
Não seja o sinônimo de nunca
Nem o ontem, o mesmo que nunca mais
Não queira o que passou
Não espere a semana pela sexta
O mês pelo salário
O ano pelo Ano Novo
Aos tropeços, recomeços
Que desatem os nós, vós, eles
Nós somos instantes
E num instante
Não somos mais
Nós somos instantes
E num instante tudo fica para trás
Tudo é uma questão de escolher
Entre o ter e o ser
Quem não cuida do amanhã
Logo fará sua manhã
Quanto à mim
Eu sou anti, antirracional
Antissocial até anteontem
Eu sou um antiquário
Até que provem o contrário
E contra a minha vontade imemorial
Conste que penso
Que o hoje é um instante
E um sopro
Num instante tudo fica para trás
Nós somos instantes
E num instante
Não somos mais