Réquiem
Guilherme de Sá
Se soubesse meu bem
O quanto eu sinto
Por redigir este requiem
Neste triste céu de agosto
Eu desgasto e gasto e fim
N'onde pouco que me resta
É um porém, sim
Mas o choro, ouve
Sabe a dor que está aí?
Sabe quando reza pelo fim?
Vai passar, vai passar
Sabe o vazio que habita em ti?
Sabe o amanhã que viu ruir?
Vai passar, vai passar
Meu bem, se eu pudesse ter
Um efêmero zéfiro a mais
Te diria que as dores do seu mundo passarão
Antes que entoem seu pior trovão
Antes que troveje-lhe o último refrão
Sabe o mal que te aflige?
Sabe a ira que te consome?
Vai passar, vai passar
Sabe quando tudo é culpa
E só há desespero?
Então, também vai passar
Vai passar
Quando o Senhor de todo temor
Perder a contenda que há no seu peito
Angustiado, sofrido
Sabe o orgulho? Vai cair
Sabe a solidão? Vai sumir.
Vai passar, vai passar
Sabe a memória? Vai trair
Mesmo que esqueça-me
Vai passar, vai passar
Tudo passa.