Canção de Madrugar
Hugo Maia de Loureiro
De linho te vesti
De nardos te enfeitei
Amor que nunca vi
Mas sei
Sei dos teus olhos acesos na noite
Sinais de bem despertar
Sei dos teus braços abertos a todos
Que morrem devagar
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de Sol e de fúria
Que nos verá nascer
Irei beber em ti
O vinho que pisei
O fel do que sofri
E dei dei do meu corpo um chicote de força
Rasei meus olhos com água
Dei do meu sangue uma espada de raiva
E uma lança de mágoa
Dei do meu sonho uma corda de insónias
Cravei meus braços com setas
Descobri rosas alarguei cidades
E construí poetas
E nunca te encontrei
Na estrada do que fiz
Amor que não logrei
Mas quis
Sei meu amor inventado que um dia
Teu corpo pode acender
Uma fogueira de Sol e de fúria
Que nos verá nascer
Então
Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos
Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas
Nem farsas, nem forcas, nem farpas, nem feras
Nem ferros, nem cardos, nem dardos, nem trevas
Nem gritos, nem pedras, nem facas, nem fomes
Nem secas, nem farsas, nem forcas, nem farpas
Nem feras, nem ferros, nem cardos, nem dardos, nem trevas