Olho de Vidro
Jaime e Nair
A cor marrom me esconde
O azul me cala
Se o verde me espanta
É porque seu brilho espalha
Nasci do ventre escuro
Com muito medo do espaço
E o espaço procuro sem medo e sem cansaço
Só a manhã me consola
Quando a tristeza me fala
Pendendo num fio de coisas
Que não valem um gesto
Que não são certezas
Que não fazem um ato
Sou numa noite, espectro
Sou um sufoco de anseios
E o meu peito se assombra
Com a prisão da palavra
Essa fumaça ardendo
Nesses meus olhos de vidro
Deixo queimar
Sou numa noite, espectro
Sou um sufoco de anseios
E o meu peito se assombra
Com o perdão da palavra
Esse meu grito suicida
A corroer as entranhas
Deixo queimar
Sou numa noite, espectro
Sou um sufoco de anseios
E o meu peito se assombra
Com a prisão da palavra
Essa fumaça ardendo
Nesses meus olhos de vidro
Deixo queimar