Buraco
João Bosco
Os rastros no chão
Passou por aqui
A sombra, o vão
Altivo Zumbi
E o grito de não
Pra quem pôde ouvir
Sem mundo, sem terra, sem povo, sem língua, sem nome, sem nada de si
No oco buraco da História, em um tapiri
Tapiri
Krejé, Maranhão
Xetá, Paraná
Avá, Tocantins
Auré e Aurá
Juma, Kayapó
Irmãos sem lugar
Sem mundo, sem terra, sem povo, sem língua, sem nome, sem nada de si
No oco buraco da História, em um tapiri
Tapiri
Sentindo o final
Se paramentou
Deitou-se, fetal
A morte esperou
O transcendental
Se desencarnou
Sem mundo, sem terra, sem povo, sem língua, sem nome, sem nada de si
No oco buraco da História, em um tapiri
Tapiri
Nem sequer um som
Jamais emitiu
Estoico viveu
Estoico partiu
E ao não se mostrar
Mostrou o Brasil
Sem mundo, sem terra, sem povo, sem língua, sem nome, sem nada de si
No oco buraco da História, em um tapiri
Tapiri