Recuerdos da "28"

Joca Martins Joca Martins

De vez em quando quando boto a mão nos cobre
Não existe China pobre, nem garçom de cara feia
Eu sou de longe, onde chove e não goteia
Não tenho medo de potro, nem macho que compadreia

Boleio a perna e vou direto pro retoço
Quanto mais quente o alvoroço, muito mais me sinto afoito
E o chinaredo, que de muito me conhece
Sabe que pedindo desce, meu facão na "28"
Remancheio num boteco ali nos trilhos

Enquanto no bebedouro mato a sede do tordilho
Ouço mugindo o barulho da cordeona
E a velha porca rabona, retoçando no salão
Quem nunca falta é um índio curto e grosso
De apelido Pescoço, da rabona o querendão

Entro na sala no meio da confusão
Fico meio atarantado que nem cusco em procissão
Quase sempre chego assim meio com sede
Quebro o meu chapéu na testa de beijar santo em parede
E num relance se eu não vejo alguém de farda eu grito
Me serve um liso daquela que mata o guarda

Guardo o trabuco empanturrado de bala
Meu facão, chapéu e pala e com licença, vou dançar
Nestes fandangos, levo a guaiaca recheada
Danço com a melhor China, que me importa de pagar
O meu cavalo, deixo atado no palanque

Só não quero que ele manque quando terminar a farra
A milicada sempre vem fora de hora
Mas eu saio porta afora, só quero ver quem me agarra
Desde piazito, a polícia não espero
Se estoura a reboldosa, me tapo de quero-quero

  1. Última Lembrança
  2. Recuerdos da "28"
  3. Céu, Sol, Sul, Terra e Cor
  4. De Fogões e Inverneiras
  5. Km 11
  6. Eu Sou Bagual
  7. Chimarrão
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