Temporona Mañanera
Leonel Gomez
Fumaceia a boca da estufa
E remolimos no angico
Pinga a graxa do granito
Pra churrasquear a peonada
La maula, que madrugada
Se plantou por esses campos
E um suavezito vento manso
Vem levantando uma geada
Um poncho de gola parda
Se descansa sobre os ombros
E os recaus se vão sentando
Nos lombos de pelo grosso
Manhã fria de céu osco
Nem o sol teve a coragem
De madrugar com esta aragem
Semblante jeito de agosto
Tem ganas de ser garoa
Essa manhã que chegou fria
A indiada ajeita a encilha
E pros arreios já alcança
Um laço de boa trança
De cinchar rês atolada
Pra aliviar duma coreada
Por vaqueano, um peão de estância
Manhazita fria de maio
Trouxe uma geada temporona
Com serviço pra cambona
Recostada ao trasfogueiro
Chegou o inverno mais cedo
E um pelego preto estaqueado
Amanheceu atubianado
Lá debaixo do arvoredo
Neste garrão de Rio Grande
Passo um inverno atrás do outro
Sovando garras e potros
No largo das sesmarias
Nos galpões brasa e astilha
Retovos de madrugada
E um mate de erva lavada
Pras manhãs de geada e encilha