Tropilha de Corredor
Lucas Gross
Tropilha de Corredor
A noite escura sem lua
Destapa um véu de garoa
E um relincho ecoa longe
No corredor que encordoa
Abriu os olhos pra o mundo
Engolindo a escuridão
Largo’o poncho da placenta
Na terra bruta do chão
De pronto viu seu destino
No estreito do corredor
A velha estrada embarrada
Muita terra e pouca flor
Tropilha de corredor
Zainas, mouras, coloradas
Crinudas marca borrada
Eguada sem domador
Tropilha de corredor
O padrillo não se sabe
Romances no alambrado
Ou se a porteira se abre
Talvez tenha sido um mouro
Dos campos lá da Figueira
Que emprenhou a colorada
Corajosa e parideira
Quase um ano, cruzou léguas
Campeando sombra e aguada
Vivendo no corredor
Prenha, prenha de cria roubada
Andar e andar sua sina
É viver pelas estradas
Benzida a trança de bruxa
Pra alguma pata cortada
E o caprichoso destino
Escolheu o fio do caminho
Pra parir mais esperança
Na tropilha, outro potrinho
Tropilha de corredor
Zainas, mouras, coloradas
Crinudas marca borrada
Eguada sem domador
Tropilha de corredor
O padrillo não se sabe
Romances no alambrado
Ou se a porteira se abre
Tropilha de corredor
Tropilha de corredor
Tropilha de corredor