Ritual de Fronteira
Luiz Marenco
E há quem diga
Que a lida do campo não é mais a mesma
Que os tiros de laço somente restaram pra
Historia do pampa
E não são mais a estampa da vida rural
Que os homens terrunhos de vozes serenas
Não são mais torenas no trono dos bastos
Que a base de cascos não se faz mais nada
E que a terra plantada não vale um real
Por certo não sabe que lá na fronteira
A fibra campeira é o retrato do pago
Que gosto do amargo é o mesmo de outrora
E que a pua da espora ainda amansa baguais
Que tiros de laço se acha por farra
Sobre lombo, cucharra, ou do jeito que queira
Manhãs fogoneiras de pingo encilhado
Com o cacho quebrado no velho ritual
Que os homens terrunhos de vozes serenas
Ainda são os torenas no sul do país
E se vivem no campo e charlam com calma
É por terem na alma este mundo feliz
Mas há quem diga
Que a lida no campo não é mais a mesma
Que os homens terrunhos de vozes serenas
Não são mais torenas e que a terra plantada
Não vale um real