Ofício, Gaita e Gaiteiro
Marcelinho Nunes
Colorada luz perdida
Nos arrabaldes da vida
Sempre recebe atenção
E o tocador puro cerne
Não se queixa do inverno
Puxando uma de botão
Pobre gaita disse um louco
Desamassando algum troco
Escorado no balcão
A noite "buena" fervia
Com o perfume das guria
Adoçando a ocasião
Num embalo remanchado
O gaiteiro desdobrado
Se destaca como pode
Na escadaria surra o fole
Pede o pique e toma um gole
Bombeando algo que sobre
Lindo oficio, dura sina
De uma gaita correntina
E um tocador de vaneira
Não hay no pago campeiro
Quem não se pare faceiro
A ouvir uma botoneira
Toca outra que tá lindo
Disse uma ruiva se abrindo
Encantos de sirigaita
O gaiteiro se arreganha
E a moça vira a champanhe
Por sobre a tampa da gaita
Benzida pelas mimosas
Gaita velha melindrosa
É ferramenta e recurso
Aguente o gosto por leria
Pra o ofício é coisa séria
Que deveria ter curso
Lindo oficio, dura sina
De uma gaita correntina
E um tocador de vaneira
Não hay no pago campeiro
Quem não se pare faceiro
Ao ouvir uma botoneira