Desenvolvimento (II Tm 4.14-18)

Marco Telles Marco Telles

Alexandre, o ferreiro, causou-me muitos males
O Senhor lhe dará a retribuição pelo que fez
Previna-se contra ele
Porque se opôs fortemente às nossas palavras
Na minha primeira defesa
Ninguém apareceu pra me apoiar
Todos me abandonaram
Que isso não lhes seja cobrado

Quando a gente tem em mente
Que essa carta de Paulo ao seu amando Timóteo
É, na verdade, uma solene convocação
Pra obra do ministério

Essa sessão aqui onde ele fala
Sobre a traição de Alexandre
E o abandono que sofre durante sua primeira defesa
Demonstra o nível de sinceridade de Paulo pra com Timóteo

Não existe nenhuma intenção
De maquiar a realidade do ministério
Timóteo não estava sendo enganado
Quanto aos terríveis perigos de se lançar na preciosa jornada
Que é a proclamação da verdade de Deus
Quanto ao velho Paulo, prepara seu jovem sucessor
Pra realidade das dores do ministério

Ele poderia dar vários conselhos
Quando o assunto era sofrimentos e perdas
Ninguém melhor pra rechear a pauta
De experiências pessoais do que Paulo
Ele podia falar sobre a dor das chicotadas
Ou dos aprisionamentos nas argolas aí
Das masmorras

Ele podia falar pra Timóteo
Sobre naufrágios
Apedrejamentos
Tudo isso Paulo sofreu
Tudo isso poderia sobrevir a Timóteo
Mas o que Paulo considera
De singular importância no fim das contas
É preparar Timóteo pra traição no campo

Timóteo, Alexandre, isso dói
Se até mesmo nosso Cristo
Teve que passar pelo amargo anoitecer
De um beijo amigo
Que o levou diretamente aos braços de seus perseguidores

Estaria Paulo livre de sofrer o mesmo?
Deveria Timóteo se enganar
Quanto a real possibilidade
De provar também em sua face esse beijo?

Ao que tudo indica
Segundo alguns comentaristas
Alexandre teria sido alguém influente
Com quem Paulo poderia ter contado

Durante seu primeiro julgamento
Mas ao invés de oferecer ajuda no caso de Paulo
Alexandre teria sido seu principal opositor
Durante a sessão de sua defesa

Como se não bastasse lá está o velho Paulo
Lançado feito um animal
Amarrado diante de sua presa
Se levanta com dificuldade pra falar em sua defesa
Mas quando olha ao seu redor
Encontra os magistrados
Seus perseguidores estão lá
Tem até os curiosos
Mas não acha sequer um rosto amigo

O velho Paulo está vivendo os seus dias mais difíceis
Em absoluta solidão
Ele que tanto desejou partilhar do sofrimento de Cristo
Se vê agora como ele em sua cruz
Abandonado por seus amigos

Quem de nós suportaria essa pressão?
Sem amaldiçoar a si mesmo
Sem desacreditar sua própria jornada?
Valeu a pena Paulo?
Vê bem aí ao seu redor
Gastou sua vida em favor de tanta gente
Abraçou tanto por aí
E no dia de sua terrível dor
Quantos estão aqui pra lhe devolver esse abraço?
Valeu a pena velho Paulo?

E a pergunta volta pra você
Você quer esse evangelho?

Olha bem pra esse texto e me responda
Quer mesmo correr o risco?
De chegar nos últimos dias de sua jornada
Como o velho Paulo
Como o seu Cristo?

Olhe bem
Veja bem, se você começar a se envolver demais
Com esse negócio de igreja
De Cristo
De evangelho
Você vai ter que começar a perder algumas coisas
Que qualquer um considera de grande estima

Se seu envolvimento chegar até o pescoço
É possível que, perca alguns amigos
Talvez aquela promoção tão sonhada na carreira profissional
Porque as ideias do evangelho
Vão bagunçar sua cabeça de uma forma bem estranha a princípio
E você corre sérios riscos
De ter de configurar sua postura pública e privada
Você quer esse evangelho?

Se chegar ao ponto de envolver-se
Até submergir no oceano desse evangelho
E já não saber mais quem é você e quem é Cristo
Aonde começa Cristo em você
E até onde vai você em Cristo
Você pode chegar sim, ao ponto de estar sozinho
Escrevendo pra algum amigo distante
Ei, me envia aí uma capa e alguns livros

Mas as escrituras garantem que
Não é possível de forma nenhuma
Que você chega ao seu último dia
Sem a presença do mesmo Cristo que o encontrou
Com mesmo olhar compassivo que lhe acolheu
Paulo continua o texto dizendo

Mas o Senhor permaneceu ao meu lado
E me deu forças para que por mim
A mensagem fosse plenamente proclamada
O Senhor me livrará de toda obra maligna
E me levará a salvo pro seu reino celestial
A ele seja a glória pra todo sempre
Amém

O convite do velho Paulo ao seu amado, Timóteo
Não era pra se jogar em absoluta insegurança
No mar revolto afinal de contas, não
Era o oposto

O convite de Paulo era pra que Timóteo
Subisse ao navio mais firme
Aliás, que subisse na rocha inabalável
Que é Cristo
Por isso a insistência

Timóteo, eles podem regredir
Pode acontecer daquele lá te trair
E o outro te machucar
Na verdade, vai acontecer
De muitos virarem as costas
Pro evangelho que você proclama
Tu, porém, permaneça firme
Timóteo
Eles podem
Você não

  1. Até Sozim
  2. Introdução (II Tm 4.1-8)
  3. Elucidação (II Tm 4.9-13)
  4. Desenvolvimento (II Tm 4.14-18)
  5. Aplicação (II Tm 4.19-22)
  6. Amado Timóteo
  7. Canção do Cristão Medieval
  8. Ensaio Sobre Luz
  9. Eu e Tu e o Vento
  10. Colossenses e Suas Linhas de Amor (feat. fhop music)
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