Carcará
Maria Bethânia
Carcará
Pega, mata e come
Carcará num vai morrer de fome
Carcará
Lá no sertão
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará quando vê roça queimada
Sai voando, cantando, carcará
Vai fazer sua caçada (carcará)
Carcará come inté cobra queimada
Quando chega o tempo da invernada
No sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada
Carcará pega, mata e come
Carcará num vai morrer de fome
Carcará, mais coragem do que homem
Carcará pega, mata e come
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele pega no bico inté matá
Carcará pega, mata e come
Carcará num vai morrer de fome
Carcará, mais coragem do que homem
Carcará pega, mata e come
Carcará
(Carcará) em 1950, mais de 2 milhões de nordestinos
(Carcará) viviam fora dos seus estados natais
(Carcará) 10% da população do Ceará emigrou
(Carcará) 13% do Piauí
(Carcará) 15% da Bahia
(Carcará) 17% de Alagoas
(Carcará) pega, mata e come
Carcará num vai morrer de fome
Carcará, mais coragem do que homem
Carcará pega, mata e come