Vacina Obrigatória

Mário Pinheiro Mário Pinheiro

Anda o povo acelerado
Com horror à palmatória!
Por causa dessa lambança
Da vacina obrigatória
Os magnatas da sabença
Estão teimando dessa vez
Em meter o ferro a pulso
Bem no braço do freguês

E os doutores da ciência
Vão deitando logo a mão
Sem saber se o sujeito
Quer levar o ferro ou não
Seja moça ou seja velho
Ou mulatinha que tem viço!
Homem sério, tudo, tudo
Leva ferro que é servido

Bem no braço tudo é pouco
Chega o tipo e logo vai
Enfiando aquele troço
A lanceta e tudo o mais!
Mas, a lei manda que o povo
E o coitado do freguês
Vá gemendo na vacina
Ou então vá pro xadrez!

Ouça um caso sucedido
Que o negócio tudo logra
O doutor foi lá em casa
Vacinar a minha sogra
A velha como uma bisca
Teve um riso contrafeito
E peitou com o doutor
Bem na cara do sujeito!

E quando o ferro foi entrando
Fez a velha uma careta
Teve mesmo um chilique
E eu vi a coisa preta!
Mas eu disse p'ro doutor
Vá furando até o cabo!
Que a senhora minha sogra
É levada do diabo!

De um casal de namorados
Eu conheço a triste sina
Houve forte rebuliço
Só por causa da vacina!
A moça que era inocente
E um pouquinho adiantada
Quando foi p'ra pretoria
Já estava vacinada!

Eu não vou nesse arrastão
Sem fazer o meu barulho
Os doutores da ciência
Terão mesmo que ir no embrulho!
Não embarco na canoa
Que a vacina me persegue
Vão meter ferro no boi
Ou no diabo os que carregue

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