Meu Tordilho Destino
Mauro Silva
Tem uma ponta de lança
Na testa do meu tordilho
Que não clareou o escuro
Do seu pelo de potrilho
E por batismo destino
Tem pouco tempo de freio
Um rancho erguido dos cascos
E o lombo pra dois arreio
Um olhar de açude grande
Sem remansos pelo vento
Que na sombra do topete
Resguarda seu sentimento
Sustenta a estância no laço
Na lida com a gadaria
Tranco manso pra um poeta
Ir rabiscando a poesia
Tempo, tempo, era o nome do pingo
Costeava no corredor
Pai da manada tordilha
Da templa de algum rigor
Desses que até a encilha
Guarda saudades do trote
No olhar da minha esperança
Firmei a trança da sorte
Por diante a zaina esperança
Era sinuelo dos potros
Dos que acolhero na vida
Sempre domando pros outros
Depois da cincha apertada
E de enganchar a barbela
Eu tinha égua pra o mundo
Quando varasse a cancela
No arame um fio da crina
Que restou da primavera
Do romance um tordilho
Depois das luas de espera
Hoje de cima do arreio
Um recuerdo na mirada
Onde a Esperança no Tempo
Fez meu Destino na estrada
Onde a Esperança no Tempo
Fez meu Destino na estrada
Tempo, tempo, era o nome do pingo
Costeava no corredor
Pai da manada tordilha
Da templa de algum rigor
Desses que até a encilha
Guarda saudades do trote
No olhar da minha esperança
Firmei a trança da sorte
Onde a esperança, no tempo
Fez meu destino na estrada