Rancho de Adobe
Mauro Silva
Neste largo corredor
Demarcado pelo estado
Ocalito, pasto, barro
Rancho de Adobe capim
Mesmo vento que embala
Macegais e alecrins
Na frente da estância grande
É o mesmo que pecha em mim
Tenho lagoa empastada
Banhadais, caraguatás
Capão de mato sólito
Lebrezitas e preás
Ninho baixo de andorinha
Em reboleira de chirca
Ronda constante de tero
E alguma toca de mulita
Meu campo é o corredor
Pedaço duma sesmaria
Por aqui hay vaca de cria
Sem abonar pastoreio
Rastro de ponta de relhos
Arreador estridente
Ovelhas de boca cheia
E borreguito dois dente
Ovelhas de boca cheia
E borreguito dois dente
Aqui começa meu campo
Donde termina, não sei
Este campo que agarrei
Tem mato, açudes, pitangas
Parelhas de boi de cangas
Petiço que puxa água
Cepo, amargo, fogo bueno
Umbu que sombreia a casa
Sem pagar qualquer imposto
Sem ter escritura lavrada
Sigo empurrando os meus dias
Neste rancho, meia água
Xirua linda prendada
Qual divido o coração
Sem ter escritura lavrada
Nem padre pra dar bênção
Meu campo é o corredor
Pedaço duma sesmaria
Por aqui hay vaca de cria
Sem abonar pastoreio
Rastro de ponta de relhos
Arreador estridente
Ovelhas de boca cheia
E borreguito dois dente
Meu campo é o corredor
Pedaço duma sesmaria
Por aqui hay vaca de cria
Sem abonar pastoreio
Rastro de ponta de relhos
Arreador estridente
Ovelhas de boca cheia
E borreguito dois dente
Ovelhas de boca cheia
E borreguito dois dente