R.U.A 13 (Escritores de Rua)
Nocivo Shomon
Sobrevivente, quebrada carente
O coração sente botei pra cantar
Descarrega o pente caneta potente
Quebrando corrente vim pra canetar
Realidade em cima da batida
Rap mais uma vida que vai resgatar
Tentando entrar na mente do menor
Pra depois o sistema não matar
Quantos planetas irão colidir
Sem divisão pra visão expandir
Mais que na escola com rap aprendi
Ouvindo Sabotage e Dina Di
Livra do ódio, coração Ghandi
Dobrando joelhos com Deus conversar
Lei da palavra, maluco entendi
Com a fé Mar Vermelho posso atravessar
Em nome do pai, do filho, sangue, do Espírito Santo
Me proteja da maldade, e me cobre com teu manto
Ele enxugou o pranto, é perdão no mundo insano
Me livrando da Dalila e do soldado Romano
Quem nunca errou mano, somos frutos do pecado
Mais de mil quilo de letra pelo Shomon traficado
O abandono do Estado, quinhentos anos de Ostracismo
Corrupção é arte, pichação é vandalismo
O racismo é velado, na TV foi revelado
Mas adora nosso rap, som de preto e favelado
Convocação de monstro, mais um time escalado
Presidente igual Pelé, é um poeta calado
Mais um Judas é comprado, na rede mil juízes
Tão caçando cancelado e fingindo ser felizes
Escritores de rua, deixo as marcas nas marquises
Com spray ou microfone dando voz as cicatrizes
Desculpa aí madame se a senhora se assustou
Somos apenas uma praga, que seu sistema criou
Eu quero grana pra pagar as contas
Também quero grana sobrando na conta
Não quero só as sobras eu saí das sombras
E quero um sobrado que tenha varanda
Só de tá vivo já valeu a pena
Meu maior motivo se chama Malena
Não fosse por ela eu já tinha partido
Sou só um cavaleiro, ela é Atena
Passando fase por fase
Tem fase que é foda pra você passar
Perdi meu pai por Covid
Em duas semanas eu nem tava lá
Saudade machuca se o tempo não cura
Ainda finjo que não só que tô deprimido
É foda explicar pra minha filha
Que aquele vovô tá em outro lugar
Já fui evangélico, hoje eu sou evangelho
Falam de Deus só da boca pra fora
O Melk ainda vive nas caixa de estéreo
Salva carinha, ficamo de cara
Que Deus de conforto pra sua coroa
Seu rap tá vivo e sua vida no rap te tornou eterno
A vida é passageira pra que tanta correria
Quanto sufoco e ainda tem louco rimando patifaria
São poucos que ganham bem mais que a maioria
Muitos tem pouco, poucos tem muito
Não querem sua melhoria
Eu rimo a vida mesma cheia de ferida
Caminhei bem pra decida ali pra porta de saída
E já cai no chão
Mas de cabeça em pé eu me mantive
Lembrei que quem escreve a história
Aqui é só quem sobrevive ao caos
Dos maus bocados
Sem sucumbir eu tenho fé que
O hip-hop salva quem se permitir
Ensina quem quer aprender, motiva quem quer prosperar
E mostra que não é só por você que vai ter que lutar
E é pra enfrentar esse mundo
E é por você, pelo seus e os outros
Coletivo aqui é pra poucos
E muitos querem ser ricos mais ocos
Sem compromisso
Por isso são uma viagem que só ficam loucos
Mesmo, a esmo eu não estou e sei pra onde vou
Principalmente o que eu deixo aqui quando eu me for
2022, olha o preço do arroz, o presidente que cês pôs
Não da pra escrever disso depois. É agora
Olha pra fora vê se tá tudo bem
Nas esquinas medos e angústias se misturam bem
Nas redes fakes são doidos pra ser alguém
Porque na vida real não sabem quem são
Nunca atrasei ninguém
Conduta mostra quem é quem
Papo reto vai e vêm
E sempre, na mesma direção
Eu quero que você me ouça não que você me siga
Te levo pra luta, não pra briga
Gratidão
Aqui toda esquina conta uma vida curta, uma fita longa
Uma rima conta pra quem escuta (só pra quem escuta)
Deus é quem julga ele deu fora da área
Fugi da escola mas estudei a trajetória da bala
A história não para
Foi um vem outro, a vida é ping-pong
Vai se impondo, o King Kong atrás de um jing-jong
Mas sempre que eu te vejo com o trinta e oito
Me vem tudo de novo, um desse junto com o Diogo
Os bons vão cedo, soube disso antes
Perdoa Pedro, eu nunca disse antes
Nessa vida a gente é visitante, nunca fiz bastante
Todo irmãozinho deixou o crime do beat do yang
Cada lugar uma lei
Respeita a sua vez
Dina Di me disse uma vez
Confia nunca neles
Nocivo me chamou pra ir na rua treze
Se quiser me achar eu tô na rua DZ
É mais que fase, é um golpe de autodefesa
Informação é clamor, punho de resistência
Um bom lugar do soldado que fica
É tipo formiga, é o enxame, é a zika
Eu aprendi a falar com poucos, amizade é coisa rara
Confiança é só no pai, evita decepção de quem trai
Eu aprendi a apreciar minha presença e hoje tô melhor assim
Uma mesa solitária, na taça dose de gin
É na fumaça que vários clareia a mente
Insano, inconsequente sem entorpecente
O coração fraco e a mente doente
Pra eu enxergar mais claro aquilo que tá na frente
Saudade der aos mais carentes
Te faz acreditar que vai encontrar de novo lá na frente
Na lei do olho por olho, pente por pente
Respeito e honra são coisas retrocedentes
Quando você morrer não leva nada
Nessas ideias vários tão envelhecendo duro
Quando a idade chegar não aguenta nada
Quando teve forças não fez pra garantir o futuro
Na vida louca eu aprendi
Que o inimigo não manda flores
Tiros é o que sobrou pra hoje
Na madrugada o bicho pega e o couro come
Reflexos de uma mente pensante
A rua é pau para muitos
São poucos amigos pacificadores comigo
Deus é abrigo, confia ele é poucas ideia
Errar não é areia os pente é plateia
Mente é alcateia
O roubo é a meta
Letra certa alerta, a rota na reta, na curva deu seta
Nem testa, nem tudo é festa, os homi erram
Os que desconfessa que erraram, errou
Disparam o terror
Ação maldito da corporação cusão
Não é rap violento não
Papo de visão
Assalto, intenso calor
Mulher, menor, vapor, dou amor
Detalhe, se rir não se espalhe
Não me atrapalhe, quer colher trabalhe
A rua ensina o game
O crime condena o crime
Gueto real é o filme
Quem morre desfalca o time
Quem vive o sistema oprime
Veneno no verso, universo reverso
Mundo bandido
Aprender sem pensar, tempo perdido
Bendito, estado de espírito
Nem sempre juiz usa apito
A vítima
A dona da firma
Mentirosa afirma
Sabe, duvida a dívida
Há vida à ser vivida
Doce de mais diabete
Amarga o chiclete
Estica o debate
Vida imita a arte
A conta não bate
Detecto o covarde
Colete no baile num vale
Primeira vez que eu fui preso meu mano
Foi porque cuspi na cara de um polícia
Segunda vez porque tava na pista
Terceira vez tentativa homicídio
Eu sei que eu era inocente mas a promotora
E o juiz disse que eu tava envolvido
Antes de eu caguetar eu vou morrer
Nas treva no inferno, quebrado e fudido
Dentro X9 não vive comigo
Jack lá morre não vive comigo
Tudo lá dentro é mais caro né primo
Não vou mentir também uso eu preciso
Poucas ideias quadrilhas e gangues
Mas mando um salvão pra quem fecha comigo
Lei do silêncio importante também
Transparência pro nosso progresso né primo
Trinta e duas horas dentro da cela
Só duas horas lá fora no pátio
Não vou mentir djow aqui não me encaixo
Prefiro viver em estúdios e palcos
Pra viver só de rima não é fácil
Melhor ter pouco e ser livre né parça
Fazer fortuna vendendo narcótico
E gastar tudo pra agradar advogado
Vou atirar 10 e me fala se sua mulher espera
Seu menor tá na biqueira
E cê já sabe se ele der mancada
Seu próprio parceiro vai passar rasteira
Hoje chegou um boletim de ocorrência
De assassinato e a coisa tá feia
O seu parceiro foi morto na rua
E cê já sabe quem mas cê tá na biqueira
Cê ele cair bota ele na minha cela
Eu vou fazer o que o diabo deseja
Conheço vários demônio firmeza
Do tipo que mata e depois vai pra igreja
Deus é o juiz, Deus é o juiz
A pedra maldita invade a quebrada
Mas não devasta tanto quanto a mira
Maldosa das operação fardada
Fazem lei pra matar o picho, farsa
Mas não tem lei pra acabar com a fome
Que tem sobre as calçada
Falo por cada gente abandonada
Que vivem do resto dos porcos
Que fazem de prisão a enxada
Caçaram Renato
Mas ninguém caça o greca
De ter nojo de gente abandonada
Tempo louco, rancor e mau sentimento
Antes da obrigação das máscara
Já tinha gente de máscara, faz tempo
Nos matam a todo tempo, ano todo
E fingem que nos amam
Toda vez que chega 20 de Novembro, o roubo
Da nossa cultura
Mente, não tudo que cê leu
Eu tinha que ganhar três salário
Pelo o que seu bisavô já fez com o meu
E seu doutor, também acredito em Deus
Mas o Deus que eu acredito graças a Deus
Não tem nada a ver com seu
Punho fechado, pelos que já partiram
Pobre é tipo alvo, andando no meio dos tiro
A viatura passou, graças a Deus não me viram
Estavam quase dormindo esperando meu vacilo
É mais que faz é um golpe de autodefesa
Informação é clamor, punho de resistência
Um bom lugar do soldado que fica
É tipo formiga, é o enxame é a zika