Língua Portuguesa
Olavo Bilac
Última flor do lácio, inculta e bela
És, a um tempo, esplendor e sepultura
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela
Amo-te assim, desconhecida e obscura
Tuba de alto clangor, lira singela
Que tens o tom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo
Amo-te, ó rude e doloroso idioma
Em que da voz materna ouvi: Meu filho
E em que Camões chorou, no exílio amargo
O gênio sem ventura e o amor sem brilho