Toque de São Bento Grande de Angola
Paulo César Pinheiro
Nesse mundo camará
Mas não há mas não há
Mas não há quem me mande
Eu só sei obedecer
Se mandar
Se mandar são bento grande
É de Angola é de Angola é de Angola
De Angola de Angola de Angola
Meu avô já foi escravo
Mas viveu com valentia
Descumpria a ordem dada
Agitava a escravaria
Vergalhão, corrente, tronco
Era quase todo dia
Quanto mais ele apanhava
Menos ele obedecia
É de Angola é de Angola é de Angola
De Angola de Angola de Angola
Quando eu era ainda menino
O meu pai me disse um dia
A balança da justiça
Nunca pesa o que devia
Não me curvo a lei dos homens
A razão é quem me guia
Nem que seu avo mandasse
Eu não obedeceria
É de Angola é de Angola é de Angola
De Angola de Angola de Angola
Esse mundo não tem dono
E quem me ensinou sabia
Se tivesse dono o mundo
Nele o dono moraria
Como é mundo sem dono
Não aceito hierarquia
Eu não mando nesse mundo
Nem no meu vai ter chefia
É de Angola é de Angola é de Angola
De Angola de Angola de Angola
Nesse mundo camará
Mas não há mas não há
Mas não há quem me mande
Aprendi com mangangá
Respeitar só se for São Bento Grande
É de Angola é de Angola é de Angola
De Angola de Angola de Angola