Inocenti
Paulo Flores
Estou de regresso à vida
Sei que estava inocenti
Que esperam de mim
Miúdo de rua de rua sem nome
De lição estudada
Na beira da estrada que não tem saída
Que querem que eu faça
Se o que aprendi foi pedir esmola
Mas se vos consola
Riam-se de mim fechem-me a porta na cara
Eu vou perguntar ao meu coração
Se não tem uma chave para abrir essa porta
Que dá para o outro lado do mundo
Esse mundo que há-de ser meu
Sem a dor de um qualquer pau nas costas
Sem mais mãos para pegar nesse pau
Estou de regresso à vida
Sei que estava inocenti
Estava
Ficava
Era Inocenti
Jurava
Sempre
Faço tudo pra me respeitar
Preso estava eu
Inocenti
Minha mãe foi mulher espancada
Humilhada ultrajada foi nha mãe
Meu pai foi mobília de bar caído
Dormindo ao relento com uma garrafa no peito
Então o que esperam de mim
O que vocês querem que eu faça
Se a vida ensinou-me assim
Alguém que me dê um sorriso
Tudo o que eu mais preciso para encontrar meu lugar
E quem achar que não está certo
Disser que eu não tenho direitos aqui eu não posso ficar
Que venha me olhe nos olhos
E pegue na primeira pedra ou então que se cale pra sempre