Queixo Duro
Pedro Ortaça
Vou lhes contar de um bochincho
No velho Rincão Comprido
Não é a Bailanta o Tibúrcio
Mas é um fato assucedido'
Prendas lindas, viúvas acesas
Querendo arrumar marido
Paguei a entrada, entrei
Corri o zóio' na sala
Vi a linda que eu queria
Perto de um índio de pala
Pensei: Eu nunca perdi na raia
Pra frango da tua iguala
E o gaiteiro, muy vaqueano, me disse:
Canta um bocado?
Era isso que eu queria
Não me parei de rogado
Pode acarcar' uma vanera
De bailar c'os pé' trocado'
Eu nasci de queixo duro, ninguém me quebra o corincho
Gosto muito de bochincho que se baila no escuro
Na sola da bota, um furo de tanto arrastar o pé
Nunca canta Galizé em terreiro de galo puro
No me gusto! Disse ele
Touro brabo se boleia
A cascavel bate o guizo
Pelincho se balanceia
Lagarto não tem pestana
Sorro não tem sobrancelha
E não pisca também
E se bandeando ele veio
Bufando e dando pataço
Um facão marca formiga
Um pala ao redor do braço
Mais parecia um corisco
Na noite, cortando espaço
Ali, no más, dei um grito:
Te arremanga, piá lacaio
O gato por ser ligeiro
Salta de lombo e soslaio
E quem quiser Guabiju
Que venha sacudir o galho
Saímos trançando ferro
Como touro num pelado
Eu venho lá das missões
No mundo, não fui domado
Espatifei um canzil
Nas aspa' do desgraçado
E se bandeou-se allá cria
E dali, saí bufando
Como touro Jaguané
A vaca mansa dá leite
A braba dá quando quer
O cabo da adaga é minha
E a folha, de quem quiser
Eu nasci de queixo duro, ninguém me quebra o corincho
Gosto muito de bochincho que se baila no escuro
Na sola da bota, um furo de tanto arrastar o pé
Nunca canta Galizé em terreiro de galo puro
E a prenda linda, vivente?
Montei ela no meu Zaino
Do corpo, senti o calor
E me fui à galopito
Junto a linda, meu amor
Pra aquele jardim florido
Onde senta o Beija-Flor