Pela Musica Parte 2

Valete Valete

Desolador cenário de antigos pomares orgânicos
Que cederam aos fertilizantes e insecticidas
Onde a aparência se impõe ao sabor
E a paciência cede à pressão do imediato
Ainda não se deram conta que todo o fruto do dinheiro
Acaba eventualmente por cair da árvore
Podre, podre

Ya, agora é só prostitutas nessas editoras
Valeu a pena teres ido ao ginásio do outono á primavera
Já tens corpo suficiente para assinar pela editora
Olha o contracto, 90 para eles, pra ti 10%
Até chulos do intendente, davam-te 50%
Agora és artista major cheio de estilo e autoestima
Moral em cima mas cheiras a vaselina
Mais um formatado que fareja á procura da platina
Tu amas música mas tens de prostitui-la
Não faças sons profundos porque as pessoas adormecem
Lembra-te: Os tugas dançam melhor do que pensam
Por isso é que as rádios só passam sons de amor e festa
E por isso é que temos mais discotecas que bibliotecas
Por isso que playlistados não passam de marionetas
Á muita gente a dar o rabo por isso neste mercado é só merda
Música independente nunca ouves nas radio stations
(Não há espaço)
É muito grande o catálogo dessas majors
'Tás na capa da revista não é porque a tua música é inovadora
É só porque a tua editora tem mais dinheiro que as outras
Aproveita essa fama e toda a idolatração
Porque daqui a 16 minutos eu apanho-te aqui no underground
Vais da glória ao fracasso corrido a pontapé
A história nem guardará para ti um rodapé
Se vives de joelhos nem te vale a camisa do Che
Eu tô na horizontal mas hei de morrer de pé

Nós damos á música tudo o que ela nos dá
Quando o dinheiro acaba nós ainda 'tamos cá
Não papo nada do que a rádio programa
Abre a pestana, dessintoniza e muda de som

Nós damos á música tudo o que ela nos dá
Quando o dinheiro acaba nós ainda 'tamos cá
Esses teus ídolos mano são só marionetas
Cantam por cheques fazem-no sem alma e sem dom

Dizes que não evolui? (Ya, você é podre)
Nada aprendi do negócio e ainda gravo mptrechos
E não sei se agora os conceitos são os mesmos de outrora
Mas se o que vejo por aí é música, deixo tudo e vou-me embora
Playlist's não reflectem o gosto, mas a cultura do povo
E a indústria explora a ignorância, por isso cheira a mofo
Chico Zé quer consumir, não explicação pro bolso roto
E nos vídeos peitos peludos e fios douro
Alimenta o sonho mano, e voa alto
Mas o país tem 10 milhões, 'tás a ser otário
Não sejas a Cinderela neste conto do vigário
Não chegas às estrelas no teu pé de feijão mágico
Nunca, nunca, nunca vais ser rico, aceita
Podes até viver disto mas não sem cederes a peida
Eles irão lambê-la primeiro, mas viram-te do avesso
E o dilema que enfrentas é estabeleceres o teu preço (geisha!)

Nós damos á música tudo o que ela nos dá
Quando o dinheiro acaba nós ainda 'tamos cá
Não papo nada do que a rádio programa
Abre a pestana, dessintoniza e muda de som

Nós damos á música tudo o que ela nos dá
Quando o dinheiro acaba nós ainda 'tamos cá
Esses teus idolos mano são só marionetas
Cantam por cheques fazem-no sem alma e sem dom

Eu faço tipo metáfora, boy
Para mim labels são tipo damas, man
Tens aquelas damas tipo
Ya, dão bué nas vistas
Aquela dama de silicone
Vais conhecê-la boy
Não tem nada na cabeça boy
Não te sabe tratar como querer ser tratado, man
Depois tens aquelas damas
As minhas favoritas boy
Low pro., low profile
Aquelas damas que estão assim no canto, e quê
Vais ter com elas, conheces
Vais beber um café
Vais curti-las boy
E depois tens aquelas azedas, boy
Azedas, ninguém as quer boy
Elas aí até tão a vir com um decote bacano
Népia boy, ninguém as quer
Mas digo-te uma cena man
Para falares delas
A cena é fat se ficares a conhecê-las man
Por isso se elas te convidarem
Aceita o convite
Vai beber um café com as editoras
Vai jantar com as editoras
Vai à night com as editoras
Dá kisses nas editoras
Apalpa as editoras

E fode com editoras, mas repara
Tu não te comprometas, cumprimenta-as na cara
Porque elas são ciumentas e não podes fazer nada
Quando te derem o contracto lê
Eu li como a Lara
Eu vim para chamar a música
E 'tar perto da Sara
No deserto do Sahara
Eles dão-te areia, queres subir?
Eles dão-te boleia
Mas eu não vou, a passo de anão
Para mim eles são multi-bancos sem paca
Porque eu não lhes passo cartão
Passam-me a perna se eu passo a mão
Num acordo sujo, vou comprar sabão
E dou-lhes um autógrafo com a condição
Que o filho é meu, sou pai presente
E não tô na prisão
Uma divisão decente na comissão
Não é ganância é justiça e decência é a minha visão
Esta é a minha exigência, esta é a minha missão
Á minha maneira, ter a carreira e ter duração
Boysbands pedem por favor
Só mais um verão!?
Só mais um refrão!?
Só mais um anúncio para a prestação!?
E a pergunta, pra'o ano será, onde é que eles estão?
Será que ficaram pra'a história, ou foi em vão?
É porque a população tem memória curta
Como o pénis no Japão
Vai para o plano B da exposição
Ser real para ti, num reality show na televisão
E quando a participação acabar
Vem com o teu single de apresentação
Não é a mesma coisa, pois não!
Hoje em dia já não há ninguém que te oiça, pois não!
Viste que foste fast-food, e acabou a digestão
Ambicionavas ver o teu nome, num cheque d'um milhão
Eu prefiro ser nome de rua, escola ou pavilhão
Ao principio pensava que editoras eram o papão
Reconciliação na Edel, o Peter deu-me o cartão
E se o cartão ainda existe, é por alguma razão
Muitos ficam filtros, quando chego a uma conclusão
Não há respeito, são o preconceito na aceitação
Dão-nos controlo e rap crioulo ainda não tem edição
Numa major nem que seja só 'pa distribuição
Boy, já nem oiço a rádio man, é só poluição
Eu dou á música o que ela me dá
Quando o dinheiro acaba, ainda tô cá!
A criar no 7ºA!
Eu não concordo com o Paredes, na sua frase mais bela
Eu amo demasiado a música pa' não viver dela
Não quero trabalhar num escritório, isso para mim é fatela

Á música dou tudo o que ela me dá
Rádio não passa o meu som, mas ainda tô cá
Eu juntei os manos mais puros no meu habitat
Nós seremos a mudança que o futuro trará
Á música dou tudo o que ela me dá

Á música dou tudo o que ela me dá
Rádio não passa o meu som, mas ainda tô cá
Eu juntei os manos mais puros, no meu habitat
Nós seremos a mudança que o futuro trará
Á música dou tudo o que ela me dá

Quero ser com'ó Sérgio
Quero ser com'ó, com'ó Zeca
Quero 8 albuns antes de eu ficar careca
Baza fazer as cenas
Pôr cenas novas na mesa, man
Não tragam o pudim
O pudim já tá na mesa, man
Tragam arroz doce, boy
Falta arroz doce
Ya, e inspirem-se pelo Keidje Lima
Mas não rimem como o Keidje rima
Façam cenas novas, man
Editoras apostem em cenas novas
É isso que a gente quer

Mantenham isso na cabeça, ya?
Nós somos a equipa da 3ª divisão
Que tem como única motivação
O amor ao jogo
Que se entrega incondicionalmente
De alma e de corpo
Humildes mas nunca submissos
Vocês podem trazer a vossa equipa
Tragam a vossa equipa de luxo
Com os vossos melhores jogadores
Os vossos melhores jogadores que para o ano
Tão no banco de suplentes
Podem assediar-nos
Podem até comprar alguns do nosso plantel
Mas nunca, vocês nunca, nunca
Nos terão a todos como família

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  2. Subúrbios
  3. Serial Killer
  4. Oligarquismo
  5. Refugiados (feat Azagaia & Bonus)
  6. Os Meus
  7. No Meu Quarto
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  9. Beleza Artificial
  10. Pela Musica Parte 2
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