Audiobook
Valete
Por medo
Por medo abdicamos de admirar as maravilhosas paisagens
Que existem para além da fronteira do tumor
Por medo
[Valete]
Ideologia sem acção é fraude ideológica
Orgasmo sem amor é só descarga fisiológica
Eu vim da privação e dos subsídios
Tu estás a uma depressão do suicídio
Tenho genes de legionário
Sou um génio visionário em qualquer género literário
Tenho molhos gramaticais em folhos emocionais
Meus olhos são funerais
Damaia, ensina a dureza
Cêntimos a chocar no teu bolso é um hino à pobreza
Tu estás a uma fala de ser escória
Eu estou a uma bala de entrar na história
Rima azeda não me rebaixo, só perdas onde me encaixo
Não sou de esquerda, sou de baixo claro
Autoestima dos teus é ópio
Só Deus tem amor próprio
Na tuga o meu pai foi só um rafeiro
Só o coveiro é quem foi hospitaleiro
Estudam-me como se fossem filólogos
E todos olham pra mim como se fossem psicólogos
Sou poeta do motim
A meta não ‘está no fim, minha meta é chegar a mim claro
Correrei corrosivo
Rei incorruptivo, eu morrerei vivo
Os teus sonhos defraudaram
Mudaram os teus sonhos ou foram os sonhos que te mudaram, diz-me
Obstinação de Galileu
Se eu for como toda a gente quem será como eu
[Valete]
Verborreia lúcida
É muito mais que música
O verso é o meu batuque
Valete é como um audiobook
Verborreia lúcida
É muito mais que música
O verso é o meu batuque
Valete é como um audiobook
Verborreia lúcida
É muito mais que música
O verso é o meu batuque
Valete é como um audiobook
Verborreia lúcida
É muito mais que música
O verso é o meu batuque
Valete é como um audiobook
Por medo resignamo-nos à mediocridade
À rotina
Por medo prescindimos da verdade
Para nos refugiarmos na farsa
[Valete]
Entre o enfermo e o lúcido sou o cruzamento
Eu sou eterno, o meu caixão será só um alojamento
Grafia única, não sei onde caibo
Na minha ecografia vês Deus a beijar o diabo
Beefar é como ter chance com o panzer
Eu não me canso o vi só está ao alcance do câncer
Não papo a tua igreja surda, só papo páginas de buda
Meu papa é pablo neruda
Um mandamento meu vale 100
Todo o ser humano é escravo de alguém
Quando o ânimo não tem gás, nem vale a pena tentares
Quem tem cérebro não tem paz
Memo sem paz reino em qualquer hemisfério
Do yemen ao velho império, do sémen ao cemitério
Pra’ vencer não se vai de iate, tem que ser a nado
Queres um público pra’ amar ou um público pra' ser amado?
Limito-me à minha origem, debito trago vertigem
Invicto como uma virgem
Esteta do; cosmológico
Um poeta não precisa de relógio
Fama a mim não me tolda
Fama abre várias portas, o coração abre todas
Não tenho fé em quem governa, sou são tomé na caverna
Só tenho fé no meu esperma
Deus é orador e audiência
Ausência de evidência não é evidência de ausência claro
Quase me deixaram cancelado
Podia bater palmas, mas tava crucificado, Jesus
[Valete]
Verborreia lúcida
É muito mais que música
O verso é o meu batuque
Valete é como um audiobook