Menina de Doze Anos
Amado Edílson
Eu tava lá na praça
Sorrindo e achando graça
Quando de longe avistei
Uma menina me olhando
Com as outras conversando
Eu ali observei
Mas eu não imaginava
Que a menina que me olhava
De amor, fazia planos
Só que em mim pensava
E a menina que me olhava
Só contava doze anos
Ela olhou pra mim
Sorrindo e me disse assim:
Eu estou apaixonada!
Embora muito criança
Ainda tenho esperança
De ser a sua amada
Eu falei: Você é linda
Mas é muito nova ainda
Não me pense bem assim
Não vou contra a lei divina
Você é uma menina
Muito nova para mim
Ela ficou chorando
E as lágrimas derramando
No seu rosto pequeno
Chorando ela dizia:
Meu Deus que agonia
Por que forte veneno?
Eu fui me retirando
E ela ficou chorando
Entregue à nostalgia
Disse cheia de desgosto:
Essa lágrima do meu rosto
Eu me vingarei um dia
O tempo foi passando
E a lembrança se acabando
Esqueci aquela cena
Um tempo mais para frente
Em uma noite excelente
Avistei uma pequena
Mas eu não imaginei
Que fosse a que desprezei
Lhe dando tanto castigo
Disse a uma amiga minha:
Diga a aquela bonequinha
Que venha falar comigo
Ela recebe o recado
Que eu estava apaixonado
E queria lhe falar
Ela veio aborrecida
Com a voz estremecida
Disse só pra se vingar:
Sou aquela que sofreu
Que você não me atendeu
Não me quis não sei porque
Não vá contra a lei divina
Eu sou aquela menina
Muito nova pra você
Sou aquela que sofreu
Que você não me atendeu
Sem razão me fez sofrer
Pra findar a sua sina
Procure logo uma velhinha
Que dê certo com você