Mar Bravo
Guilherme de Sá
O mundo não quer saber
Dos temporais que você encontrou no mar
Ele quer saber se você trouxe o navio
Lembre disso quando a tormenta vir
Então vê, terás de ser forte
Quando mais ninguém for por ti
Estarão ocupados
Com seu próprio naufrágio
Eles falam de você
Porque se falassem de si mesmos
Não haveria quem ouvir
E ao não te superar
Vão te diminuir
A vaidade tem afogados narcisos
Que jamais saberiam qual gota
Lhes fez a respiração parar
Desvendaram que o feitio das águas
São cruéis com os mareantes
Talvez porque o oceano
Afunda mistérios demais
Sempre que pensar em desistir
Pense naqueles que adorariam
Ver você fracassar
Sim, a vida é dura
Mas é justa e muito
Se não agora, depois
A justiça não falha
Não termina aqui
Onde tardam as potestades
E os principados se vendem
Quanto a ti
Se a chuva te deprime
Não provoque a tempestade