Xingu
João Nogueira
Pintado com tinta de guerra, o índio despertou
Raoni cercou os limites da aldeia
Bordunas e arcos e flexas e facões
De repente eram mais que canhões
Na mão de quem guerreia
Caraíba quer civilizar o índio nu
Caraíba quer tomar as terras do Xingu
Caraíba quer civilizar o índio nu
Caraíba quer tomar as terras do Xingu
Quando o sol resplandece os raios da manhã
Na folha, na fruta, na flor e na cascata
Reclama o pajé pra Tupã e o curimatã sumiu dos rios
E o uirapuru fugiu pro alto da mata
Toda a caça ali se dispersou
Oh, Deus Tupã
Benze a pedra verde, a muiraquitã
E os índios estão se juntando igual jamais se viu
Pelas terras do pau-Brasil
É kren-akarore, caiabi, kamaiurá
É txukarramãe, é kretire, é carajá
É kren-akarore, caiabi, kamaiurá
É txukarramãe, é kretire, é carajá
Ei, Xingu, ouvindo o som do seu tambor
As asas do condor, o pássaro guerreiro
Também bateram, se juntando ao seu clamor
Na luta em defesa do solo brasileiro
Um grito de guerra ecoou
Calando o uirapuru lá no alto da serra
A nação Xingu retumbou
Mostrando que ainda é o índio, o dono da terra