Galo Missioneiro
Pedro Ortaça
Eu já cantei nas cabritas, sacudi os guabijús
Dancei com changa gasguita, escapei de sururu
Desatei tope de fita, tirei caroço de angu
Sem nunca perder de vista o velho estilo xirú
O meu canto, eu justifico nanando China bonita
Nas bailantas onde fico olhando as flores das chitas
Não boto banca de rico, sou mais arteiro que artista
Porém, onde eu abro o bico, outro galo abaixa a crista
Por isso trago do Jaime
As bandeiras e os cavalos
Do Apparício, o Rio Grande
Neste meu timbre de galo
Eu tenho faixa no cós d'uma bombacha baguala
E um lenço cheio de nós da mesma color do pala
Os galitos carijós batendo as asas na fala
Porém, onde eu solto a voz, até canário se cala
Não gargareja cristal quem tem a garganta roca
Mas meu canto regional tem som de madeira tosca
Não me encolho pra cardeal, rouxinol é coisa pouca
Por que o Rillo e o Braun versejam na minha boca
Por isso trago do Jaime
As bandeiras e os cavalos
Do Apparício, o Rio Grande
Neste meu timbre de galo
Por isso trago do Jaime
As bandeiras e os cavalos
Do Apparício, o Rio Grande
Neste meu timbre de galo